O amor vende tudo: uma aula de Clotilde Perez na FMLOA
Publicado em: 26/10/2025
{"time":1764164506304,"blocks":[{"type":"paragraph","data":{"text":"No domingo, 26 de outubro, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano recebeu a professora Clotilde Perez, diretora da Escola de Comunicações e Artes da USP e referência internacional em semiótica e estudos sobre o consumo, para mais um encontro da série Relações Amorosas em Pauta."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Em sua palestra, <i>O marketing das relações afetivas – o amor vende tudo</i>, Clotilde apresentou uma reflexão sobre como desejos, afetos e simbolismos atravessam o imaginário do consumo e moldam a construção das marcas. A partir de sua abordagem semiótica, discutiu como dimensões culturais e sociais emergem dessas relações, influenciando nossos hábitos, escolhas e formas de estar no mundo."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"A professora destacou que, diante da consciência da finitude, a sensação de falta move a busca humana por sentido — que se manifesta também no consumo. “Carentes, somos seres de afeto”, explicou, lembrando que buscamos amor em suas diversas expressões: atenção, cuidado, pertencimento, aceitação, prazer. Nesse contexto, a publicidade oferece “bens existenciais”, capazes de produzir uma impressão de sentido, plenitude ou reparo emocional — ainda que momentâneo."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Para Clotilde, essa lógica explica por que o amor, enquanto significado, “vende tudo”: ele responde ao medo do abandono, à baixa autoestima, à perda de vitalidade e à própria consciência da impermanência. Até mesmo a ideia de liberdade passou a ser vivida como liberdade de escolha no consumo. “Os desejos são vividos como direitos”, observou. Na narrativa do capitalismo artístico contemporâneo, produtos e experiências se tornam promessas de felicidade, beleza, equilíbrio e juventude."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Segundo a pesquisadora, essa centralidade do consumo deriva também do enfraquecimento ético, do niilismo moral e da fragilidade dos vínculos sociais, que impulsionam a busca estética como alternativa mais leve, criativa e prazerosa. Nesse cenário, publicidade, moda e marcas tornam-se expressões centrais da estética capitalista. “Elas nos dizem, todos os dias, que o sentido da nossa existência está no gozo da vida aqui e agora — e, nesse gozo, está o consumo”, concluiu."}},{"type":"Header","data":{"text":"Sobre a palestrante","level":2}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Clotilde Perez é professora titular de semiótica da ECA-USP, bolsista de produtividade do CNPq e presidente da FELS — Federación Latinoamericana de Semiótica. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é diretora da ECA-USP, líder do GESC3 (Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo), conselheira do IEA-USP e da FIRJAN-RJ, além de autora de obras como <i>Signos da Marca, A marca ecológica</i> e <i>O presente e o presentear</i>. É também colunista dos portais <i>Nosso Meio</i> e<i> Casa e Jardim</i>, e editora das revistas <i>Signos do Consumo e Cruzeiro Semiótico</i>."}},{"type":"Header","data":{"text":"Próximo encontro","level":2}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Entre abril e dezembro de 2025, a Fundação promove uma série de encontros dedicados às múltiplas expressões do amor em nossa cultura. A cada evento, especialistas convidados abordam o tema sob perspectivas diversas — da filosofia à história, da música às artes."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"No próximo encontro, o pesquisador Sérgio Casoy discute a <i>morte por amor</i>, tema recorrente nas óperas do século XIX."}}],"version":"2.18.0"}
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