Lívio Abramo
1903-1993










Lívio Abramo nasceu em 26 de junho de 1903, em Araraquara (SP), e faleceu em 26 de abril de 1992, aos 88 anos de idade, em Assunção. Além de ter sido um pioneiro da gravura moderna brasileira, sua atuação muito mais ampla colocou-o entre os artistas mais criativos do país no século 20. Sua obra, que perfaz mais de 3 mil trabalhos, inclui mosaicos e painéis para arquitetura, desenhos, pinturas, ilustrações para jornais e livros, cenários e figurinos de teatro.
Suas primeiras gravuras datam da década de 1920, quando é influenciado pelos temas humanos e sociais do expressionismo europeu. Nos anos de 1930, aproxima-se da fase antropofágica de Tarsila do Amaral. Tendo a arquitetura sido sempre um foco especial de seu interesse, Abramo ingressa, no início dos anos de 1940, no escritório de Oswaldo Bratke, então um dos principais ateliês de arquitetura de São Paulo, para desenhar perspectivas de apresentação dos edifícios. Logo tem sua atividade ampliada, passando a desenvolver diversos projetos de arte aplicada à arquitetura, como portas e janelas de vidro jateado, portas e painéis de madeira em relevo, mosaicos de piso e parede, entre outros. Aprendeu desenho técnico, incorporando-o ao seu processo de trabalho. Assim, primeiro fazia estudos de criação à mão livre e, depois, plantas, cortes e elevações, que informavam detalhadamente como executá-los.
Em 1949, desliga-se do escritório e, no ano seguinte, obtém o prêmio de viagem no Salão Nacional de Belas Artes. Segue para a Europa, onde frequenta o ateliê̂ de Stanley William Hayter e aperfeiçoa-se na técnica de gravura em metal.
De volta ao Brasil, é premiado como o melhor gravador nacional na 2° Bienal Internacional de São Paulo, em 1953, e passa a colaborar esporadicamente nos projetos de arquitetura de Bratke. Em uma dessas ocasiões, em 1954, produz os pisos de mosaico português para a residência de Maria Luisa e Oscar Americano.
O mosaico português, tradição lusitana, difundiu-se amplamente como recurso de pavimentação de calçadas e praças. Sua renovação formal, no entanto, deu-se por obra de artistas como Lívio Abramo, que levou as possibilidades plásticas da técnica ao extremo nos dois pisos da residência da família Americano, batizados de Foz do Rio Amazonas e Circo.
Para esse trabalho, Abramo fez detalhados estudos e projetos executivos, numa época em que esses procedimentos não eram rotineiros em obras artísticas no Brasil. No croqui colorido, fixou a ideia-chave da proposta: dispor espelhos d’água no pátio central da moradia e ligá-los visualmente ao desenho do piso, sugerindo que as águas escorressem virtualmente pelas linhas e formas sinuosas do mosaico, reinventando, assim, o estuário do rio Amazonas. Nos desenhos técnicos, condensou as informações para sua realização, executada com impressionante perfeição, consistindo na mais importante obra do gênero na arquitetura moderna residencial de São Paulo.
Como professor de xilogravura na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand — MASP, Abramo teve, entre seus alunos, Maria Bonomi, com quem funda o Estúdio Gravura em 1960. Dois anos depois, é convidado pelo Itamaraty a integrar a Missão Cultural Brasil-Paraguai e, posteriormente, o Centro de Estudos Brasileiros, em assunção, onde dirige o Setor de Artes Plásticas e Visuais até seu falecimento. Foi fundador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraguai.