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Exposição sobre São Cosme e São Damião celebra sincretismo religioso e herança afro-brasileira no mê
Exposição sobre São Cosme e São Damião celebra sincretismo religioso e herança afro-brasileira no mê
Publicado em: 15/11/2025
{"time":1764162887868,"blocks":[{"type":"paragraph","data":{"text":"No sábado, 15 de novembro, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano inaugurou a exposição <i>Cosme e Damião – Diversidade e Coexistência</i>, apresentando a notável coleção de São Cosme e São Damião pertencente a Ludmilla Pomerantzeff — uma das mais importantes do Brasil dedicadas ao tema. A mostra reúne peças dos séculos XVIII e XIX provenientes da Europa, Ásia e do Nordeste brasileiro, somadas a esculturas africanas e a um ícone ortodoxo emprestados pela Coleção Ivani e Jorge Yunes. As obras abrangem tanto a arte sacra erudita quanto a produção popular, ressaltando nossas origens mestiças e o rico sincretismo religioso brasileiro. A curadoria é de Rafael Schunk."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Os santos gêmeos da Igreja cristã primitiva — originalmente chamados Acta e Passio, posteriormente consagrados como Cosme e Damião — nasceram em Egeia, na Arábia, no fim do século III. Formados na Síria, tornaram-se médicos evangelizadores conhecidos como <i>anárgiros</i>, aqueles que praticavam a medicina gratuitamente. A fé cristã, a cura de enfermos e a caridade lhes renderam grande prestígio, mas também perseguições, torturas e martírio."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"O culto aos santos chegou ao Brasil em 1530, trazido pelo capitão-donatário Duarte Coelho Pereira. No Nordeste, passaram a ser invocados contra epidemias e contágios e tornaram-se protetores de farmacêuticos, cirurgiões e partos de gêmeos."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"O sincretismo afro-brasileiro desempenhou papel essencial na ressignificação dessas figuras. Sob o rígido sistema colonial, onde a liberdade de culto era restrita, comunidades africanas fundiram elementos filosóficos, culturais e religiosos ao catolicismo. Assim, Cosme e Damião foram associados aos Ibejis — os filhos gêmeos de Xangô e Iansã na tradição iorubá — símbolos da dualidade vital que equilibra o mundo: noite e dia, feminino e masculino, frio e calor."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Além dos Ibejis, a iconografia afro-católica incorpora Doum, o “terceiro irmão”, representação das crianças pequenas e dos Erês, entidades infantis da Umbanda, o que explica a popular tradição de distribuir doces e brinquedos nas festas dedicadas aos santos."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"“A mostra revela uma potente conexão inter-religiosa, da devoção católica festiva às múltiplas expressões das africanidades”, explica o curador Rafael Schunk. “Reúne esculturas barrocas e neoclássicas em suportes variados — madeira policromada e dourada, pedra-sabão, peças de oratórios, capelas rurais e cultos domésticos — produzidas entre os séculos XVIII e XIX. Além da Europa e Ásia, há obras do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e, sobretudo, da Bahia, refletindo nossas raízes sincréticas mais profundas.”"}},{"type":"Header","data":{"text":"Sobre o curador","level":2}},{"type":"paragraph","data":{"text":"Rafael Schunk é arquiteto, mestre em artes visuais (UNESP), <i>art advisor</i> e pesquisador de arte sacra colonial luso-brasileira. Autor de livros e biografias de escultores dos séculos XVI e XVII, foi responsável por curadorias em acervos públicos e privados, incluindo Museu de Arte Sacra de São Paulo, Casa de Portugal, Palácio dos Bandeirantes, Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Fundação Maria Luisa e Oscar Americano e Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia (SP)."}},{"type":"paragraph","data":{"text":"A exposição <i>Cosme e Damião – Diversidade e Coexistência</i> permanece aberta de terça a domingo, das 10h às 17h30, até fevereiro de 2025."}}],"version":"2.18.0"}
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